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CORRESPONDÊNCIAS, 2020-21

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Qual a imagem da tua identidade?

Que país é esse?

O que eu diria à criança que fui?

Sou racista?

Quais os sentimentos despertados pelo confinamento?

O que me surpreende?

Quem pensas que és?

Qual o valor do meu trabalho para o coletivo?

Quais momentos me sinto livre?
Quais escolhas influenciaram meu destino?

Quais monstros escondo sob sete chaves?

Quais são as coisas do mundo que me olham?

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     As anteriores perguntas, de modo aproximado, abrangem o clássico desafio filosófico próprio da espécie humana: ‘Quem sou?’, ’De onde vim? ‘Para onde vou?’ Considerando o inédito contexto pandêmico e o isolamento social, tal introspecção faz-se mais consciente no “conhece-te a ti mesmo” na busca de lidar de maneira menos intransigente ante as impossibilidades.

      A historia humana é feita de adversidades. Do nascer ao morrer, desde o início dos tempos, a vida é tecida por histórias de amores e lutas. Em que instante a minha história individual se entrelaça à das demais bilhões de pessoas desde que o mundo é mundo? Quais foram/são/serão as contingências que tramam tais aparições?

      Essas interrogações nortearam a construção do meu trabalho no qual sou tanto destinatária quanto remetente destas Correspondências. A partir de antigos retratos de pessoas desconhecidas, comprados em sebo e feiras, respondo às proposições em metáforas justamente intentando não encerrar a reflexão mas, ao contrário, expandi-la para além de mim.

       Através daquelas faces desconhecidas busco reconhecer a minha e, no esforço de revitalizar suas existências, me debato a preencher os evidentes hiatos entre suas histórias e a minha própria.

Ana Sabiá,  quarentena, 2020-21

fotografia autoral • arte.

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